
Esquerda: Companhia das Letras
Publicado em 2011
N° de páginas: 168
Direita: Editora Martins
Publicado em 1972
N° de páginas: 107
Publicado em 1972
N° de páginas: 107
"Escrita em 1944 por encomenda de Bibi Ferreira, o atormentado e trágico romance entre Castro Alves e a atriz portuguesa Eugênia Câmara é o tema desta única obra de teatro de Jorge Amado. A ação se concentra na última parte da breve vida de Castro Alves, entre 1866 e 1870, em Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Em cenas rápidas e diálogos inflamados, alternados com versos de combate, é apresentado um poeta que divide sua energia e sua inspiração entre duas paixões exigentes – Eugênia Câmara e a luta pela libertação dos escravos e pela instauração da República."
Chorei muito lendo…
Mais ainda relendo… O livro da biblioteca do meu pai quando adolescente; a
edição da Companhia das Letras já adulta. Não tem como não se emocionar com
tanto amor, seja pelo ideal, seja pela pessoa.
Castro Alves, poeta, 24 anos, em praças públicas, professorando e
praticando a liberdade: Recife, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo… Em um tempo
de luta pela liberdade, em que os negros eram escravos e a República, um sonho
idealista.
Em 1866, em Recife, a Companhia de
Furtado Coelho, tendo Eugênia Câmara como 1a. atriz e Adelaide Amaral como 2a.,
se apresenta. Na plateia Rui Barbosa, Tobias Barreto, Maciel Pinheiro e outros;
no camarote, Castro Alves. A peça? Os Jesuítas. Quando a personagem
representada pela Eugênia fala de amor tem o seu olhar no camarote do Castro, a
voz, apaixonada. Aplausos e vaias alternam-se vindas dos partidários de ambas
as atrizes. Depois, falas e declamações dos poetas: duelos poéticos! (Tobias
Barreto e Castro Alves) O primeiro tinha compromisso com os latifundiários
escravocratas e o segundo com a libertação dos negros.
Castro, junto a Rui, funda a primeira
Sociedade Abolicionista do Brasil, dando fuga, proteção e destino aos escravos.
Eugênia, apaixonada por Castro Alves, termina com Veríssimo Chaves (“que lhe
pagava o luxo”). Furtado Coelho avisa que não pretende aumentar o seu salário e
pergunta como ela viverá; tenta dissuadi-la, dizendo não ser possível conciliar
dois amores (teatro e outro):
“… Ou tu serás infinitamente desgraçada, abandonando tudo para segui-lo sem nunca possuí-lo inteiramente, ou tu o desgraçarás porque então irás abandoná-lo quando já não for tempo de fazê-lo. Mil vezes ele te deixará pela liberdade e tu não poderás deixá-lo nunca, porque o matarás se o deixares.”
Outra cena: Maciel Pinheiro bate à
porta da casa da Eugênia procurando pelo Castro para assuntos da Companhia
Abolicionista. Não aparece na casa da Eugênia, mas encontram-se na rua.
Precisam dar destino para onze escravos fugidos. O amigo lembra Castro Alves
que a Eugênia o aguarda, mas ele escreve… Quando encontra a amada, declama a
poesia escrita para ela.
Ano passa, Fagundes Varela está com
eles. Este e Rui Barbosa falam sobre a diferença da poesia do Sul e do
Nordeste… À noite, Eugênia; de dia, luta pela liberdade.
O Brasil declara guerra ao Paraguai.
Alves apoia a pátria, Maciel vai para os campos de batalha. Furtado volta à
Eugênia com a notícia de que a companhia de teatro partirá de Recife para São
Paulo – ela terá que escolher. Ele tenta explicar as consequências da escolha
da atriz.
Antônio Borges da Fonseca fala em prol
da República em comício e polícia quase o prende quando Alves chega declamando.
Conversas, divergências, reconciliações, viagens… Bahia, São Paulo… Peça,
poesias, luta pela liberdade.
“Mas a liberdade custa, por vezes, mais que a própria vida. Custa também o amor…” p. 84.
No aniversário deles Castro vai para um
sarau na casa do Dr.Lopes, declamar a poesia que escreveu “As vozes da África”.
Eugênia suplica que ele fique, ele pensa ser capricho dela. “Ser posta de
lado”, ficar em segundo plano pela República, pelos negros, pela liberdade… Ela
decide trair Alves, ao que Furtado responde a ela que não o humilhará, mas o
matará.
Castro Alves retorna para uma casa
vazia. Estudante que ia chamá-lo para uma passeata diz tê-la visto andando com
outro homem… Podem cancelar, avisa, ao vê-lo sobre o sofá, cabeça entre as
mãos, arrasado… Mas o poeta contrapõe que a felicidade coletiva deve ser
sobreposta a dor individual e vai.
Castro Alves perde a alegria de viver.
Tem amantes, mas não mais coração. O pé é atingido em um acidente de caçada,
gangrena, amputa, tuberculose… Dois anos sem aparecer em público.
Eugênia regressa a São Paulo com o
teatro, em nova companhia. Ele vai ao espetáculo, mas não quer ser visto. É o
primeiro a chegar e fica em um camarote, ouvindo-a cantar. Reconhecem-no no
teatro, chamam seu nome… A amada atriz o vê pálido, aleijado… Ela o leva para a
sua casa. Conversam. O amor ainda existe, mas ele está com os dias contados e
voltará para a Bahia para dedicar seus últimos dias à escrita.
Culpas, pensamentos, pedidos de
desculpa… Ela quer cuidar dele, ficar com ele, mas ele ainda pertence à
liberdade e já não tem tempo. Despedem-se.
Esse foi um livro do Jorge
Amado que devorei, amei e sempre recomendo!
Um abraço,
Carolina.
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