Como eu imagino você


Autor: Pedro Guerra
Editora: Gutenberg
Publicado em 2017
N° de páginas: 190

“Não consigo definir o formato do seu rosto, muito menos se aquele borrão embaixo é uma barba rala ou não. Percebo que o cabelo é volumoso e tento desenhar na minha mente as ondas que aqueles fios formam. Uma doença rara diagnosticada na infância nunca impediu Helena de enxergar o mundo, e mesmo com todos os obstáculos, ela é uma jovem alegre, independente e muito sensível. Mas é à noite que Lena sente seu coração se encher de dúvidas e agitação ao se “encontrar” com um misterioso rapaz que surge constantemente em seus sonhos. E, apesar de não enxergá-lo com nitidez, ela sabe exatamente como ele é. Um dia, seus pais precisam fazer uma viagem e a jovem é obrigada a ficar sozinha em casa. Quer dizer... não totalmente sozinha. Sua mãe havia contratado um rapaz para cuidar do jardim. E aquilo que parecia ser uma visita indesejada pode trazer uma enorme mudança em sua vida. Para sempre... “Posso vê-lo mais do que a minha capacidade de enxergar permite. Consigo ver que ele é diferente."“

Conheça!

Lena, ou Helena, é uma bela e tímida jovem. Ela está de férias, terminou o colégio e fará curso para prestar vestibular para medicina. Tem um melhor amigo desde os cinco anos de idade, o Lucas. Conversa também com a Jenny (do mercado). Ah, sim, Lena tem Stargardt, e perde gradualmente a visão, desde a infância. Hoje ela conta com 20%. Borrões... A visão periférica ajuda por vezes. Para ler, lupa e óculos fundo de garrafa...

Os pais são biólogos e viajam. A avó, que ficava com ela, morreu meses antes. Mas Helena os convence de que não precisa de babá. Serão cinco dias sozinha em casa. Opa, detalhe: o jardim, antes cuidado pela avó e largado desde a sua morte, terá o cuidado de um jardineiro – a mãe, Patrícia, não pôde desmarcar.

Hein? Um estranho?... Na casa?... Ela sozinha?... Lucas passa a manhã com ela, mas tem que ir trabalhar na loja do pai pela tarde. Quando o Alex chega, apesar da ansiedade, estranhamente, ela se sente ok. Ele diz para ela trancar a porta, para não pensar que ele tirará vantagem dela estar só em casa, que se precisar baterá na porta. Mas, antes, ele precisa de ajuda com a escolha das flores que plantará.

 “– Eu não acho que posso ajudar... – falo baixo. – Eu não... conheço... as flores.
(...)
 – E por que não? – Ele quer saber, insistindo. – Vamos... é só sentir o aroma!
Aquela frase me atingiu em cheio. Na minha cabeça, a única forma de diferenciar uma flor da outra seria olhando elas. Porém, o jardineiro me apresenta uma segunda opção, muito mais agradável e, por sinal, sensível.” – p.22

Ela tenta ler, distrair a mente... Mas gostou de conversar com aquela pessoa que não perguntou pela limitação dela, mas trouxe a percepção de que há outras formas de ver. Ela sabe que seus outros sentidos foram aguçados, mas é pega de surpresa. Como ela segura um livro de Dickens quando conversam, Dickens está sempre sendo trazido de uma forma ou de outra. Ele faz um balanço para ela na árvore no segundo dia e pergunta se ela quer vê-lo. Ela busca a lupa e, quando a usa... O rapaz dos sonhos! Transtornada, enxota-o.

Tentativas de compreensão – sonhos – como?!... Jenny leva ela até Shiva, que lida com mais que brownies. Teste com cartas... O Lucas pesquisa na internet, livros... É “assustador”, mas ela sente falta do Alex e vai pedir desculpas. Conhece, então, o Antony, irmão caçula do jardineiro.

Bom, contar tanto pode estragar, não é mesmo?.. Mas relaxem, o que não contei envolve, faz sorrir – gente, o modo como os dois melhores amigos se tratam! Rs – nos deixa apreensivos (uma premonição?!?), há dado momento que assusta e você... “Hein?” Os pais mandam Lena para uma psicóloga e você se questiona se é possível que...

“Ninguém finge dor. Ninguém quer sofrer do jeito que você está sofrendo. Mas a dor é necessária para curar nossas feridas, e as cicatrizes são a maior prova de que a gente venceu.” - p.185

Mas... e... Será que...?

Não consegui parar a leitura após ter iniciado. Li enquanto sentada no café da livraria. Não vi o que ocorria ao redor; não percebi o tempo passar...

Além da história em si, a sensibilidade, os detalhes...
Apaixone-se também!


Um abraço,
Carolina.
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P.S.: No Clube do Livro Autêntica de Salvador algumas pessoas expressaram o descontento com as premonições da Lena... Eu, pessoalmente, não me importei tanto ao ler. Concordo que houve um grande espaço de tempo entre elas mas, ainda assim. Tem-se que levar em consideração a proposta do livro e a indicação. 😘

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