Os garotos de Tommen, 1
Editora: Bloom Brasil
Publicado em 2025
N de páginas: 704
"Sabia que ela era meiga e pura demais para ser arrastada para os holofotes que eram constantes na minha vida.
Sabia que ela estava fragilizada demais para se envolver com alguém como eu.
Mas também, eu sentia que estava me afogando nela." p.612
Como não querer colocar a Shannon Lynch em um potinho, segura, dentro do nosso coração?!? Sim, Johnny está certo, ela é meiga - e está acostumada a sofrer sozinha, sem expor o que ocorre consigo interna ou externamente. Eu chorei, praguejei, sorri, vibrei... por todo percurso - adentrei a estória e finalizei com um grito.
Primeiro livro da série, Binding 13, se passa na Irlanda, e personagens são estudantes do colégio Tommen, amigos e familiares, suas vidas, anseios, desafios, amores, traumas...
Shannon parece não ter com quem contar. O irmão Joey faz o que pode para a proteger, já recebeu suspensão por brigar com bullies dela na escola. Seu progenitor (porque ele não merece ser chamado de pai) é seu maior agressor (físico e mental/verbal) e a mãe, que mostrou se preocupar com a filha ao matricular ela no Tommen, no decorrer das páginas... portanto, até certo ponto, cúmplice. Ao ler a nota da autora, pensei "ser por praxe", nunca imaginaria o que a Shannon passava em casa e tive ódio real pelos seus pais.
A Shannon (15-6) é a única filha dentre cinco meninos, extremamente magra, pouco desenvolvida, sequer mestruou, e nunca sentiu nada por garotos ou garotas. O irmão mais velho saiu de casa após certo conflito com o pai extremamente homofóbico cinco anos antes. Além do Darren (23), apenas o Joey (17-8) vem antes dela. Ele trabalha em oficina de posto de gasolina, estuda, joga hurling, namora e se preocupa com a irmã, apanhando por vezes para a defender. Depois da Shannon há o Tadhg (11), Ollie (9) e o Sean (3). A mãe está grávida novamente... 🤐
"Aos olhos do meu pai, eu era só mais uma boca para alimentar até fazer dezoito anos."
E o pior é que o brutamontes sequer trabalha desde que a Shannon tinha sete!!! Não leu errado: o Joey trabalha meio período, a mãe trabalha em empregos duplos e o "rei do pedaço" coça, se embebeda com o dinheiro do auxílio, cobra, fala horrores e bate. Se a Shannon sofre bullying desde a escola primária, seguindo para a secundária, em casa ocorre desde que nasceu meninA.
Na metade do ano letivo do terceiro ano secundário, após último ataque sofrido na escola, a Shan não consegue mais aguentar as crueldades (xingamentos, apelidos, boatos, "brincadeiras" e agressão física) por que passava na escola e a mãe resolve (após conversa com escola, médicos...) a matricular no Tommen, colégio particular onde as duas únicas amigas desde a pré-escola da Shannon, Claire e Lizzie, estudam. Para tal dobra os turnos e o progenitor dobra insultos - e não apenas.
Passemos para o Johnny Kavanagh, a estrela do time rúgbi do colégio (e não apenas de lá), 17, com futuro promissor já traçado pelo próprio atleta, que leva a sério o programa de alimentação, treinos e por aí vai. Rs. Ele é filho único e tem pais que o amam. Bonito, tem amigos e "sangue-sugas" - invejosos também. As garotas se jogam e fizeram até aposta: Binding 13 (n° da camisa/posição). Ele não tem tempo para relacionamentos. A "talzinha" que pensa ter "arrebatado o troféu" apenas almeja o spotlight que estar com o "jogador" proporciona e, claro, o "johnnizinho" dele. (E não apenas o dele.)
Ele é o oposto da nossa amiga. Alto e popular, tem objetivo oposto ao dela (que sempre foi se esconder e passar despercebida): ser profissional, o que garante flashes constantes. Já está na Academia e confirmado entre os treze titulares juvenis sub-18 dela. (Ele sofreu uma lesão e teve que fazer cirurgia.) Seus maiores amigos estão também no rúgbi e estão juntos há certo tempo, sendo o seu melhor amigo Gerard Gibson (Gibsie/Gibs).
Primeiro dia dela, péssimo dia e treinamento dele que, com fome, fica com o humor muito pior! O resultado? Um chute forte na bola para aliviar o estresse dele bate na aluna novata que atravessava o local para cortar caminho para a aula e... acidente ocorre. Que primeiro encontro! Rs. Ele se vê tocado por aquela garota miudinha mas linda, os olhos dela o fascinam e ele se vê fazendo promessas, realmente se preocupando e, ainda, sentindo. E ela olhar para ele enquanto uma pessoa e não um troféu, alguém de carne e osso e não um título ou uma camisa, desconhecer... Fascina.
"O problema era que, sempre que Shannon fugia, eu ia atrás, desesperado para ficar com ela." - p.515
É tão lindo acompanhar os sentimentos despertos em um pelo outro quanto doloroso ver sacrifícios. Ela aguentando calada as agressões, ele com as dores pela esforço físico e não cicatrização dos pontos da cirurgia. No meio disso ambos tentando entender o que estão sentindo, com incertezas e vulnerabilidades, empecilhos diversos, uma "tal" que o atormenta e se vira para a Shan, a vontade dele de a proteger...
Parar de ler se torna difícil, porque a estória envolve e você se vê como um peixe em anzol, fisgad@ por todos os sentimentos na trama, lutando por ar e por prover às personagens! Conhecemos amigos e familiares, nos é jogado na cara o quão más as pessoas podem ser - e nós sabemos! As repetições mostrando o porquê dela chegar a vomitar de estresse e ansiedade, deixando claro o tormento, nítido como é difícil passar por tanto e, ao mesmo tempo, os corações palpitando, almejando... os deles, os nossos!
O final do livro só faz com que entendamos o grande serviço da Bloom Brasil a nós publicando o segundo livro um mês depois! Grito e procura do próximo para continuar, e saber mais, almejar decisões e deixar o coração louco dentro da caixa toráxica!
Impossível não indicar! Amei e necessito continuar! Rs. Agora, cuidado àqueles que não conseguem ler/vivenciar... atentem-se à nota da autora. No entanto vale muito a pena! Sério.
Um abraço,
Carolina
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