Sociedade J. M. Barrie

Autora: Barbara J. Zitwer
Editora: Novo Conceito
Publicado em 2017 
N° de páginas: 288 

"Após passar por altos e baixos na vida, Joey ­ finalmente tem uma grande oportunidade: a empresa de arquitetura onde trabalha decidiu mandá-la para Inglaterra para supervisionar a restauração de uma antiga casa. A Stanway House é o lugar onde J. M. Barrie teria escrito Peter Pan, o livro favorito de Joey. Entretanto, a tarefa se mostra mais difícil do que ela imaginava. Até que um dia, enquanto corria pelo parque, Joey conhece um grupo de alegres octogenárias. Elas são membros da Sociedade de Natação de Senhoras J.M. Barrie. O desafio delas é nadar nas águas geladas do lago. A cada dia de Natal, desde 1864, os membros da Sociedade fazem uma competição ao ar livre. J.M. Barrie era o patrono e deu aos participantes um troféu, agora conhecido como Troféu Peter Pan. Essa sociedade, adorável e divertida, transforma a vida de Joey, e marca o início de uma amizade que a mudará de maneira inesperada. Encontrar o amor é muitas vezes apenas um mergulho em nós mesmos."


Confissão:

* A Grã-Bretanha/Reino Unido (Escócia, Inglaterra, Gales, Irlanda) sempre despertou "algo" em mim... Livros, filmes... Sejam os mistérios, paisagens, mitos... Que viagem! Tentativa vã de conter sentimentos e emoções. 

Stanway
(http://www.britannia.com/history/chouses/stanway.html)


Joey Rubin ama a história do Peter Pan desde pequena. Nomeou sua cachorrinha de Tink!... Trabalha em uma empresa que concorre para a reforma da propriedade na qual J. M. Barrie se inspirou a escrever sua amada história já há sete anos, mas por mais que se dedique, sempre há outro nome encabeçando a lista da equipe, que não o dela. Namorar um colega não ajudou muito, já que quando descobertos ele a abandonou com um fora. 


Sua chance ocorre, infelizmente, com o acidente da pessoa responsável por apresentar o projeto da reforma, já que ela é a única que conhece todos os dados. O contrato é assinado, e fazem questão de que ela vá em pessoa coordenar, "dar o pontapé inicial". Ela viaja de Nova York, onde sempre morou, para Costwolds, passando dois dias em Londres, para visitar amiga de infância com quem perdeu contato após ter ido morar lá, ter casado e tido filhos... A Sarah.

 New York

A visita não ocorre como o esperado, desencontro... Joey não quer incomodar... Sarah quis fazer surpresa... A primeira mora sozinha, com a Tink apenas... Outro ritmo de vida, dedicação exacerbada ao trabalho... Pontos de vista. Sarah abdicou de tudo ao ir para a Inglaterra constituir família. Mãe e dona de casa.


Chegando na propriedade, ela conhece o encarregado, Ian Mc Cormack. Ele mora em casa próxima com a filha Lily, é viúvo há uns cinco anos, genro de uma senhora chamada Lilia. Por que tal ficha?.. A filha quer ser atriz e morar em Nova York; ele ainda sofre com a perda da esposa mas, acima de tudo, Lilia não superou a morte da filha. E esta é integrante da Sociedade... junto a Aggie (coincidentemente sogra da Sarah), Viv, Gala e Meg. Cinco senhoras de seus oitenta anos, aparentando anos a menos, que nadam no lago em pleno inverno... congelando!

Quando Joey tenta...:

"... A dor era muito intensa, como punhaladas de milhões de pontas de gelo. Não conseguia ouvir, não conseguia falar. (...) Concentrou-se em respirar com regularidade (...) teve uma nova sensação: o aperto da água gelada dando firmeza ao seu corpo. Sentiu uma força imensa. (...)" p.104.

Uma força imensa une tais mulheres além das águas do lago: amizade.
"...Decidimos ser amigas e continuar amigas, na alegria e na tristeza." p.81

Amizade de um tipo em extinção nesse mundo descartável e líquido, que escorre pelas mãos... Traumas não abalam... ou discordâncias... ou tristezas... perdas... maridos (quando vivos)... Formaram tal vínculo ainda jovens. "Garotas perdidas", e a cabana, o lago... sua Terra do Nunca. Comemoram aniversários lá; nadam, bebem, cantam, comem... compartilham. Apoiam independente de concordância ou não: Amizade Verdadeira e para toda a vida.


Pera! A história não era de uma mulher autossuficiente, independente, que foi trabalhar com a oportunidade de mostrar todo o seu potencial, se superar, talvez galgar uma promoção?... A vida acontece. E ela não é apenas trabalho. É muito mais que isso. Elas se apoiam; Aggie apoia Lily, apoia Joey, a nora e a amizade delas... Joey se sente à vontade e confortável junto as senhoras, que a acolhem em seu meio... Compartilham...
 
Compartilha, ainda, momentos com o Ian... Participa do dia em que Lily se torna mulher, com direito a chocolate quente e esteticista da Lancôme... Aniversário da Meg na cabana, histórias de vida... Brigas, reconciliações... Cobranças...
"...Com todo o respeito, Ian, mas as palavras costumam ser 'até que a morte nos separe'." p.230.

Laços... Amizade entre amigas de infância, entre senhoras, entre gerações, entre amantes... Escolhas... Vida.

Um "Estou aqui"; uma silenciosa caneca de café ou chá; um copo com chocolate branco quente russo; uma dose de whisky; "Conte comigo"; "Estarei sentad@ do lado de fora caso precise de algo"; torrada... cobertor... Aquecer não apenas o corpo, mas a alma. Nem toda a grandiosidade da propriedade a ser restaurada, com dezenas de cômodos e extensões se comparam com o tamanho do coração de tais senhoras frequentadoras da Sociedade J. M. Barrie. Não há como voltar de tal jornada da mesma forma a qual partiu.
"Não sei se vocês compreendem o quanto vocês... o quanto eu precisava de alguém que... me tomasse pelas mãos, me fizesse pertencer. Mesmo que por pouco tempo." p.268
Tocada, tendo vertido lágrima diversas vezes - sensível!  - parando para não molhar o livro e poder assoar o nariz... rs. Entrei... compartilhei... E convido a adentrarem tal mundo. Lembre-se: no lago, não ultrapasse quinze minutos!





Um abraço,
Carolina.

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