Declínio de um homem

Autoria: Junji Ito 
Baseado na obra de Osamu Dazai 
- Adaptação em mangá
Editora: JBC 
Publicado em 2023 
N de páginas: 616 
18+
(temas sensíveis)

Declínio de um homem captou minha visão quando saía do estande da JBC, onde fui fazer favor para uma amiga. Recado dado/recebido, virei-me para sair e... olhos bateram. A arte da capa fixou meu olhar e o título, logo depois. Preocupei-me apenas em como carregar porque já sabia que o levaria comigo. Fui perguntada se li a sinopse: não. Mas o mangá é do Junji Ito... baseado no livro do Osamu Dazai.

Declínio: estado de perecimento; decadência, ruína.
(Semelhantes: caída, definhamento, derrocada, desmoronamento, empobrecimento, perecimento, queda...)

Entenderam o porquê? Como não parar, na hora, pegar um exemplar para mim e ainda outro, para presente?!?...

Medo.
Angústia.
Depressão.
Fantasmas.
"Caroços de infelicidade"... 

A jornada da personagem Yozo Oba se inicia desde muito cedo com ele tentando mostrar ser outra pessoa, fazendo "palhaçadas", tentando se omitir aos outros, esconder seus medos, ansiedades, pavores, opressões e ansiedades, abusos... e ele se cala, sentindo-se desconectado do mundo e do conceito alheio da felicidade. 

Vindo de família relativamente abastada, tendo o seu sobrenome certo "peso", afasta-se, perde-se, principalmente quando a primeira pessoa enxerga sua "máscara"/atuação. Como ele não desvia o foco, não vê outros ângulos, sofregamente vai tropeçando pelas situações da vida, que o sufocam cada vez mais e mais. A beleza física o faz popular, tanto quanto suas performances, e ele deixa o que é esperado dele roubar um pouco mais do ar que quase não respira. Vegeta... E se culpa por incidentes ocasionados hora por inércia, hora por balelas... 

Melancolia. 
Afogamento.
Sufocar.
Invejas.
E mais fantasmas...

Ele os vê, os sente, os ouve... dentro de si. Então, autodestruição - de diversas formas. Oportunidades surgem mas o loop retoma, com pessoa que personifica de certa forma a inveja, saindo e adentrando a sua vida, em momentos diversos, como um lembrete constante de que não deveria ser/agir de forma ou outra por ter tido "privilégios sociais"...

Derrocadas.
Abandonos.
Mortes.
Faltas.
Tentação...

Não é uma narrativa fácil, mostra o pior, o desumano, e não é para "estômagos frágeis". A arte do "mestre do horror" expressa os fantasmas de forma magnífica! A forma como "caroços" são expostos nos traços nos insere na história. 

Amei a leitura. Horrorizou e fascinou. Desperta... Faz pensar. 


Um abraço,
Carolina.

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