Editora: Vestígio
Publicado em 2019
Nº de páginas: 320
[Biografia/Caso verdadeiro]
Quanta emoção, sofrimento, lágrimas... Ouvir (audiobook Skeelo) foi, por vezes, tão dolorido que agradeci ser áudio ou eu não teria condições de continuar a leitura (sim, derramei lágrimas, o que fez bloquear narinas e quase fiquei sem respirar...), nem consigo imaginar viver tal jornada!
Vocês precisam conhecer a história do Ray, se ainda desconhecem!
Este foi publicado pela Vestígio alguns anos atrás e não peguei logo para ler por saber da injustiça: o Ray foi preso em 1985 por um crime que não cometeu, era impossível ter cometido já que estava no trabalho, com única prova "forjada" e passou décadas no corredor da morte, buscando que a verdade viesse à luz: era inocente! E não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo! E a arma encontrada na casa da mãe dele não era usada há décadas, nem deveria mais disparar!...
Houveram outras mortes, assaltos parecidos com aquele pelo qual foi incriminado, continuaram ocorrendo mesmo após ele ter sido preso. Houve ligação supostamente do assassino ao primeiro advogado, que queria apenas que o Ray lhe arranjasse dinheiro! Ainda, disseram-lhe que seria condenado quando foi detido: advogados brancos, juiz branco... racismo velado, sendo Ray negro e pobre!!! Ouvi absurdos sobre absurdos os quais, infelizmente, sei ser verdade. Ainda o é hoje, em 1985, então...
Triste.
Obviamente pausei algumas vezes, mesmo ouvindo. Sair do local apertado e fechado, das lembranças, das perdas, "batidas" de carcereiros de outras penitenciárias e atitudes desumanas de tantos, cheiro de carne queimada a cada execução - barulho nas grades: empatia - em últimos momentos não estavam sozinhos. Algum conforto quando conseguiu organizar o Clube de Livro, promovendo "fugas" nas cabeças, sonhos, fantasias, tentando sobreviver.
Tentar preservar o que há de bom dentro de nós, lembrar ensinamentos da mãe, as visitas do melhor amigo (nunca perdeu uma!) trazendo notícias e conforto, esperança de estarem juntos novamente. Ray errara quando mais novo, pegou carro - e devolveu depois, pagando pelo seu erro; namorou com duas irmãs sem que elas soubessem uma da outra. Não justifica cadeira elétrica - ele nunca matou!
Sempre buscando conciliar e tornar mais suportável, lembrar a todos os que o cercavam de que eram pessoas e não números; tristeza com a partida da mãe. Enxergar o melhor para compensar estar onde estava (local, condições...) Sempre me questionei e, ouvindo, ainda mais: como as pessoas podem desejar o mal do outro ao ponto de mentir?...
Bom, despeço-me ainda indignada com tanto e admirada com o Ray, que evitou focar nos pensamentos negativos, seguiu adiante falando da sua história, lembrando das histórias dos companheiros do corredor, buscando esperança, menos preconceito e mais justiça.
Um abraço,
Carolina.
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