O lado agridoce da vida

Autora: Bia Carvalho
Editora: Independente
Publicado em: 05/2020
N° de páginas: 301

Que amor de estória! Sensibilidade na abordagem até mesmo de assuntos mais sérios!... O modo como foi escrito deu leveza e fluidez. Eternece.

Temos um bebê muito fofo: a Clara. Ela é filha do Julio e da Adriana, amigos do Henrique. Filha do melhor amigo dele.
"... ao olhar para a pequena bebezinha nos meus braços e vê-la sorrir para mim, como se gostasse de estar ali, comigo, era como se o mundo inteiro se iluminasse." [1%]
Acredite, para causar isso no Henrique, que não encara ou demonstra ou admite... (Acalme-se, ele é um amor! Apenas passou por algumas coisas as quais deixaram marcas internas profundas - tão profundas quanto certos olhares pegos pela Poliana. Rs.) É uma menininha de meses de vida mas MUITO especial!!!
"Eu ainda era mais criança que a pequena Clara quando se tratava de demonstrar minhas emoções. Estava apenas engatinhando."
Em uma visita aos amigos e afilhada, bebendo cervejas, Julio diz que aproveitará o álcool ingerido para um assunto... E solta: se algo ocorresse com ele e a esposa gostaria que Rique fosse a pessoa a cuidar da filha. Apesar de não acreditar que conseguiria, como CEO ocupadíssimo que trabalha nos finais de semana, e assegurar que não seria preciso, ele concorda.

Seria destino?... Algumas coisas sim - outras, com toda a certeza, não. Uma delas que não explicitarei, óbvio, intrigou-me com um certo comentário despresível. Imaginei que "tinha caroço naquele angu", mas continuei a deliciosa leitura.

Continuemos com o Rique, ou sr. Monsores, o "poderoso CEO da HM Comunicações: alguém aí já o viu sorrir? Fazer um comentário espirituoso?... Bom, ele é educado. Prático e direto ao assunto. Inteligente ou não chegaria onde chegou. Pais morreram. Tem uma irmã, a Priscila e Marília, a cunhada. Parece um iceberg em pessoa. (Esses são os que mais derretem quando encontrada a temperatura correta! Kkk!)

Tem uma avó desequilibrada no jogo, claro, que desconhece sentimentos e quer ficar com a neta quando o pior acontece. A "vaca-louca" tem uma filha, a Janaína - coitada! Sem comentários! Por isso ela liga para o Henrique:
"...Eu acho que você deveria tirar essa menina daqui. Falo por experiência própria, porque sei exatamente o que minha mãe vai tentar fazer com ela. Veja no que me tornei..."
Ela é a primeira pessoa que diz que ele teria uma chance melhor de tentar se casasse. Oi? Isso, arranjar uma esposa, algo impensável para ele.

Ok, já teve Monsores, Albuquerque Pinheiros... Agora, Poliana, a doce assistente da assistente do chefe. Ela trabalha de dia, faz faculdade e noite. Nada demais, certo? Afinal, muitos fazem o mesmo. Mas ela tem outro turno... Um triste e dolorido: pai alcólatra e abusivo. 
"Antes eu vivia uma vida normal. Tive um único namorado sério, mas já saí com outros rapazes, tinha amigos e era feliz. Depois que minha mãe foi embora e que comecei a sofrer abusos em minha própria casa, não me restava coragem."
Além do abuso verbal, xingamentos, detonação da auto-estima dela, o físico. Muitas vezes usou maquiagem para tentar esconder. Conhecemos ela já em um momento desses por ter se atrasado estudando na faculdade.

Não se preocupem, não estou dando lá esses spoilers todos! Rs. Leitura até 6% já disse tanto..! ;-)

Além da frieza natural do chefinho (forma como a assistente dele, Thelma, o chama), ele sempre evitou a Poliana por sentir atração pela menina e não querer problemas. Coincidiu de o dia posterior ao nosso primeiro vislumbre da vida dela em casa ser o dia em que a Thelma estaria fora e a Poliana em seu lugar. E o Henrique vê a marca no rosto que nem a maquiagem conseguiu esconder. Sono, falta de alimentação, tontura. 

Apesar de tudo (ele já a observou da sala dele) ela sorria. Era gentil. Dedicada, esforçada, competente. Todos na empresa gostavam dela. (Ironia o que ocorre depois...!) Aparenta ser frágil, delicada, mas com o que passa e como encara a vida, eu a vejo forte e ele, o Rique, a admira.

Ele quer saber mais dela. Mesmo com aquele jeitão frio e distante, observa, ajuda. Ele se preocupa. E a ideia vem quando ela não poderia retornar para casa. Antes de apagar, dopada, saída do hospital, pede para dormir na empresa... Mas ele a leva para casa dele.

Tcham - tcham - tcham

Sério, direto ao ponto, ele propõe um "negócio" a ela onde um ajudaria o outro. Eu gargalhei horrores de madrugada, tendo a certeza de que acordaria com um abaixo-assinado sob a minha porta solicitando que eu me retirasse do prédio!!!
"- Eu vou avisar ao RH hoje mesmo, mas gostaria que vocês já fossem cadastrando um crachá novo para Poliana, atualizando o nome dela. (...)  
- Qual o nome que devemos colocar? (...) 
- Poliana Almeida Monsores. (...) Como minha esposa, eu gostaria que ela usasse meu sobrenome no crachá." [52%]
A reação das recepcionistas!!... Kkkk! E não levou minutos até toda a empresa estar fofocando! Rsrs. 
Ah, sim, não encontrei o documento sob a minha porta - UFA!! 

Bom, um casal formado assim: ela precisando sair de casa e sem ter para onde ir, ele precisando se casar para a luta pela guarda da neném mais fofucha que poderia existir!... Um casamento de conveniência... que ficou conveniente para ambos os lados, a começar com o beijo 'agridoce' e, a posteriori, acréscimos foram bem vindos. Contudo, sempre um apoiando o outro... A guerra que se instaura, com direito a agressões outras que não as do pai dela, detetive e polícia...

Mas expresso com variantes que atenuam o clima e não tiram o ritmo. Apaixonamo-nos a cada página e largar é quase impossível!

Posso ficar aqui, discorrendo, pelo tempo que for! O coração está acalentado e a vontade de reler começa a se intensificar. Melhor fechar os olhos, sentir tudo o que foi suscitado. "Conte-me os seus sonhos", porque a Poliana contou os dela e o Rique assomou!


Um abraço
Carolina.

2 comentários

  1. Eu amo suas resenhas, já disse isso?
    Pois é... eu amo mesmo!
    Obrigada por mais essa <3

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    Respostas
    1. Oohhh... Obrigada, dear!
      E eu amo seus livros!!!
      Esse, em especial, com a bonequinha responsável a começar a derreter o pseudo-iceberg!
      ;*

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