Editora: Novo Conceito
Publicado em 2017
N° de páginas: 368
“Eis uma forma de colocar a coisa: a perda é uma história de amor contada de trás para frente... Toda boa história de amor guarda outra história de amor escondida dentro dela."
A vida de Heidi com o filho Abbot tornou-se um jogo para manter viva a memória de Henry, bom pai e marido exemplar. Manter uma vida normal em um mundo em que Henry não existe mais está cada dia mais complicado. Heidi precisa lidar com o filho que se tornou um verdadeiro maníaco por limpeza e com a sobrinha Charlotte, uma adolescente problemática.
Uma casa em Provence, na França, que pertence à família de Heidi há gerações, é rica em histórias de amor e surpreendentes coincidências. Heidi e sua irmã mais velha, Elysius, passavam os verões lá quando crianças, com sua mãe. Mas a casa, as lembranças e os segredos de Provence haviam ficado no passado, mas agora, com o incêndio na propriedade, a casa precisa ser salva por Heide. Ou será que é Heide que precisa ser salva pela casa?
Uma história de recomeço, amor e esperança em face à perda, onde uma pequena casa na zona rural do sul da França parece ser a responsável por curar corações partidos há anos.
“Devemos ser sinceros quando o mundo não faz sentido...”
Sim, no início foi
difícil...
PERDA.
AUSÊNCIA.
FALTA.
“O fato é que a vida continuou sem mim.” p.10
Sim, todos sofremos
perdas e para mim foi difícil o início por ter recentemente tido outra. Bom,
não tenho como partir para Aix-en-Provence
fisicamente, então, embarquei com a Heidi, o Abbot e a Charlotte para a casa “misteriosamente
encantada”...
Henry Bartolozzi morreu
há dois anos e ela, a viúva Heidi, estagnou. Sai da letargia geralmente pelo
filho, razão dela se ainda se mover, um pedaço do Henry que ficou. O negócio
passa a ser tocado pela sócia...
“Olhei para cima e flagrei meu reflexo no espelho do armário – turva, fantasmagórica, alguém que costumava existir, mas que agora já havia quase ido embora.” – p.82
Como diria Roland
Barthes, “a ausência amorosa só tem um sentido, e só pode ser dita a partir de
quem fica – e não de quem parte.”* ... E a Heidi sente muito a ausência, a falta...
saudades do marido. O amor que eles tinham era tangível, verdadeiro, visível...
Lindo e raro: um presente. Ela sempre conta histórias para o filho, uma criança
de oito anos, mantendo a memória do pai. Ela perde a noção de tempo, perde as
coisas... O filho torna-se germofóbico... Ambos têm o que superar.
É no dia do casamento
da irmã mais velha, a Elysius, com o Daniel (com quem mora há oito anos) que a informação
que teve um incêndio na casa da família é dada à mãe que, um tanto quanto “atordoada”,
passa à ela. A casa, em Provence, é herança e tem uma longa história de amor.
Foi criada a partir dele, pedra sobre pedra, por um ancestral. E é a
necessidade de reparo da casa a desculpa utilizada para enviar o trio para a
França: a Heidi, o Abbot e a Charlotte (filha do Daniel), uma adolescente de
dezesseis anos, que também tem seus problemas a superar.
Jornada – é nela que os
“pequenos milagres” começam a operar. Crenças, descrenças, e ajuda: Véronique
(amiga de infância da mãe) e seu filho caçula, Julien Dumonteils (que implicava
com a Heidi quando criança).
Assalto. Susto. Fobias.
Passeios. Trabalho. Superações...
Reproduzo à vocês a
pergunta da protagonista na página 210: ‘Quando você está fechada e começa a se
abrir, o que volta à vida primeiro?’
“– Eu sou. Estou sendo.” p.213
Um presente... o presente.
Uma andorinha que tem a asa quebrada pode vir a se curar com o devido tempo e
voltar a alçar voo, atrás do seu bando. Tempo e um pouco de cuidado,
descanso... Olhar as cores das montanhas, observar as mudanças delas... Ouvir a
casa. Ouvir a si.
Se de início foi
difícil, a viagem trouxe novo frescor. Afinal, como diz a mãe da Heidi, todos
merecem um verão perdido. As receitas ao final, o transcorrer ao qual não devo
tirar o prazer de cada um ler por si... Posso assegurar que tem muita carga,
surpresas, histórias... Um garoto de oito pode enxergar muito e, mesmo com
capota quebrada e na chuva, conversíveis serão sempre conversíveis! Rsrs...
E, claro, não podia
deixar de lado: merci pour le Voyage!
Um abraço,
Carolina.
* In: Fragmentos de um discurso amoroso, p.27.
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