Original: Gathering Blue
(Sequência de O doador)
Editora: Arqueiro
Publicado em 2014
N° de páginas: 192
"Kira, uma órfã de perna torta, vive em um mundo onde os fracos são deixados de lado. A partir do momento da morte de sua mãe, ela teme por seu futuro até que é perdoada pelo Conselho de Guardiões. A razão é que Kira tem um dom: seus dedos possuem a habilidade de bordar de forma extraordinária.Todas as premiações da autora são justas. Ela não “dá mastigado”, não se utiliza de previsibilidade... Você se vê questionando, analisando possibilidades...
Ela supera a habilidade de sua mãe, e lhe cabe a tarefa que nenhum outro membro da comunidade pode fazer. Enquanto seu talento a mantêm viva e traz certos privilégios, ela percebe que está rodeada de mistérios e segredos, mas ninguém deve saber sua intenção de descobrir a verdade sobre o mundo."
O primeiro livro
da série terminou com a partida do Jonas, toda a complicada jornada empreendida
por ele, levando consigo o Gabe, chegando ao local onde deveria chegar. O
segundo?? A comunidade de A escolhida é diferente da descrita
anteriormente. Não há a disciplina, precisão de linguagem ou cortesia
automática...
“Peço a esta comunidade que me desculpe por isso.” – O doador, 63.
Ao contrário. A
maior parte da população age por instinto de autopreservação, dialetos são
usados, há inveja, rivalidade e, para “imperfeições”:
“A garota deveria ter sido levada para o Campo quando nasceu e ainda não tinha nome. É a lei.” p.26
Vandara interpela a
protagonista, Kira, ao retornar do Campo de Partida, onde cumpriu a tradição de
velar por quatro noites a mãe, Katrina. Ela tem problema na perna, anda
mancando com um cajado; era órfã de pai e agora também o é de mãe, que morreu após “doença”
repentina, rápida e fatal. Por quê? Interesse na casa/terreno da Kira. No tal
Campo, diz-se, há feras... O pai foi levado por elas, Kira jamais o conheceu.
Ela leva Kira a
julgamento, por não poder seguir com a tentativa de apedrejamento, ou seria
executada, segundo a lei. O defensor voluntário do Conselho, Jamilson, cita o
terceiro conjunto de emendas, que diz que pode haver exceções (p.32) para que a
vida da Kira seja poupada, entregando a propriedade para as mulheres da
comunidade. Interesse dele? O dom da Kira... seus bordados.
No prédio do
Conselho também mora o Thomas (dom demonstrado através do entalhar na madeira).
Seus pais também morreram repentinamente... Mais tarde, a pequena Jô também vai
morar lá, mas é trancada em um quarto... Dom? Canto. (O mesmo problema repentino quanto aos pais...?)
Afirmo: não é
“paranoia” minha! É estranho!... Se na comunidade anterior privavam de
memórias, nesta, elas são exaltadas com direito a evento anual. Túnica bordada
com a história do mundo, cajado entalhado do cantor do Hino da Ruína...
A Kira aprende a tinturar com uma senhora que mora afastada, numa cabana na clareira, no início da floresta, onde ainda “é seguro”... a Annabella. Flores, plantas, caules... tantas cores!.. Menos o azul. A professora diz que onde moram não tem, mas em outro lugar há o necessário para o azul. Quanto à floresta que precisaria ser atravessada, as feras...:
“Não tem fera nenhuma.” p. 97, 98, 176
Comentário
inocente sobre a afirmação da senhora e... Ela “sofre um infarto”?!?... Hein?
Mas ela era saudável!
Ir além...
Mistérios.
Aprisionados a céu aberto e sem paredes por estarem “rodeados de feras”... Há
outras comunidades? Hmmm... Não esqueci da personagem cativante, amiga da Kira,
o Matt, 9 anos. Ele é um menino “selvagem”, brincalhão, que não teme o perigo.
Está sempre ajudando a Kira, é seu amigo fiel, e quer provar afeição, quer ser
importante para ela como ela é para ele (como se já não fosse!.. Inocente e
fofo!), vai atrás da sonhada cor azul da Kira. Quando regressa, uma surpresa
para a amiga (não posso contar...), além do presente, a “cor azul” e
informações:
* Não viu fera
alguma;
“Eu vi um menino lá, um menino de duas sílabas, que nem é quebrado, mais ou menos da sua idade (...) Ele tem os olhos dum azul muito bonito.” p.189
Por que “se
desfazer dos quebrados”?... Desde quando uma pessoa deficiente se torna incapaz
de exercer atividades e produzir em comunidade? Isso incomodou. Qual a
necessidade da prisão sem muros?!? (Não, não me refiro a episódio de Caverna do
dragão! Rs.)
O que me intriga, fez
com que me movesse em direção ao próximo e faz com que eu esteja ansiosa pelo final,
dentre muito: tenho inúmeros questionamentos, variadas hipóteses – preciso
saber!!...
A forma com a qual
a autora escreve a história faz com que reflitamos, proponhamos possibilidades,
busquemos respostas. Creio ter sido esta a razão de aluno que leu os dois
primeiros ter dito que não gostou deste. Ele pensou no previsível: a história
recomeçaria de onde parou. Lois Lowry não se mostrou previsível!
Um abraço,
Carolina.
Carolina.
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