Editora: Suma
Publicado em 2013
N° de páginas: 336
OMG! King desperta muito!...
Não li de uma vez, fiz pausas para respirar. Se você gosta, se é adepto de bondage, não deveria ler este. "Rs". Imagine estar pres@ com algemas (não pense em pelúcias, algo frágil ou confortável ou... aquelas de verdade mesmo!) em cama seminu/a e parceir@ ter ataque cardíaco fulminante!? Ainda, sem vizinhos próximos. Sem água. Ou comida. Em um dia ensolarado. Não pode levantar ou se soltar...
Pouco?
Tempo, caibras, desidratação, medo, surtos, cadáver... E um cachorro surge. Não um qualquer, mas um maltratado, ex-príncipe, faminto há... Sim, o querido autor nos brinda com um apanhado da vida deste - afinal, temos que entender o quão desesperado ele também poderia vir a estar, o quão faminto... Carme! Gordura, fartura... Há quanto tempo nem mesmo em sonhos poderia encontrar tal paraíso, sempre enxotado, judiado, apanhando... Tinha sido adotado por uma criança que não mais estava perto para pedir por ele, o dono da casa sem a filha por perto não quis pagar taxa para mantê-lo consigo.
O que foi? Pensou que era apenas a agonia da humana que nos seria contada? Ainda, que seria apenas o fato de estar abandonada em tal situação? Nada! Lembra daquela história de passar muito pela mente quando se pensa que vai morrer? Pois. As vozes na cabeça da Jessie, os eus interiores, tem sua vez... Lembranças, reflexões. Gerald, o marido (agora morto), quis apimentar enquanto ela apenas aceitou - enquanto eram amarrações, mas as algemas, o olhar dele, o pedido de libertação negado, o fato de que ele iria continuar quando ela disse "não"...
Isso ainda é "fichinha". A medida que o tempo vai passando, as conversas internas, trauma infantil, um "observador noturno" que a Jessie não sabe ao certo se é imaginação ou real - nós temos certeza de que é... de que não é... Duvidamos que seja... ou não? Em dado momento perguntamos o que faríamos, se conseguiríamos, se a Jessie conseguirá. Delírios? Histórias ou estórias? Cachorro entrando, servindo-se, saindo, moscas, calor...
Angústia.
King nos causa estranheza, por vezes asco, em outras incredulidade... Aproximando-se ao fim podemos vir a pensar... mas não. Ficamos sabendo de algo que não direi através de carta escrita, não direi por quem ou para quem. Apenas digo: leia! Pegue uma garrafa de água e deixe à mão, por via das dúvidas. O "mestre" nos sacode, provoca sentimentos, sensações. Mostra manipulações que pessoas podem fazer umas com outras desde tenra idade.
Sim, há loucuras e Loucuras.
As diárias, pequenas, leves;
aquelas nas quais são necessárias intervenção medicamentosa;
aquelas internas que outros podem vir a jamais conhecer...
Caetano disse décadas atrás: "De perto, ninguém é normal."
E qual a norma?!?...
Um abraço,
Carolina.
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