O caso da senhorita canhota

Autora: Nancy Springer 
Enola Holmes, 2. 
Editora: Verus 
Publicado em 2021 
N° de páginas: 208 


Sozinha. Alone.
Enola.

Uma mente estimulada desde cedo, criada livre, em um tempo em que isso era subversivo - contra a ordem, perturbador... - vindo do "sexo frágil", vindo de uma mulher. A elas cabia obedecer, aprender a ser donas de casa, esposas, mães, anfitriãs, a não ser que fossem da classe operária, trabalhadora. 

Por vezes - ah, por vezes... Neste episódio da vida da querida irmã mais nova do grande detetive Sherlock Holmes não existente nas obras do Sir Conan Doyle, a Enola conhece o amigo do irmão, o dr. Watson, e se vê desejando que ele fosse o pai que não teve desde muito pequena. Uma figura preocupada, bondosa... que a procurou sob disfarce para ajudar ao amigo que não admitiria deixar de estar bem.

Exato, Sherlock se preocupa e angustia pela irmã que não sabe onde está. E ela jamais imaginaria ele se deixando abalar assim: ela o admira, sempre o fez. E, embora esteja morando ali perto, na mesma Londres que os irmãos, para eles ela está desaparecida. Ela não conseguiria viver aprisionada!

Um caso vem ao seu conhecimento através da visita do sr. Watson à Ivy Meshle: o da srta. Cecily, filha de um baronete. Ela está desaparecida já a dias e o irmão recusou o caso quando procurado. Enola, disfarçada de secretária de um investigador particular, dr. Ragostin, decide pegar o caso. E, caso esteja se perguntando, a senhorita canhota é a Cecily - e naquela época não se podia ser canhoto...

Mais uma exigência social. Ser canhoto era errado e deveria não apenas ser desestimulado, como escondido e "superado" (entenda como "forçado a mudar"). Enola teria percebido antes as diferenças em escritas da lady mas o foco em si e na procura do irmão por ela, bem como no estado dele, a distraem. A própria se recrimina quando vê ter deixado algo passar. Rs.

Aventuras, disfarces, questionamentos, visitas, ataques, patifes, códigos e "mesmerismo"... Refúgios.  A garota de catorze anos de idade com muito nariz e queixo, desajeitada e esquisita, tenta lembrar a si mesma, sempre que possível, das palavras da mãe, embora tivesse visto possibilidade de amizade como a de uma irmã com a jovem que procurava.

ALONEAHNIZOSMEBOTIUMRIASESIAVECOV

Decifre, embarque.


Um abraço,
Carolina.

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