Bree

Autora: Tay Lopes
Editora: Maresia
Ano de publicação: 2017
No. de páginas: 395


Bree foi um presente poético em momento que corpo, alma... necessitavam de conforto. Ocorrências... E este livro foi uma surpreendente brisa lírica.

A personagem cativa. Seja por seus questionamentos acerca de si, suas "raízes" - e quem nunca?! -, seja por "todo o sentimento do mundo em si". Primeiramente a curiosidade quanto ao seu nome: estaria ele incompleto? Depois, quanto ao seu "papel" na família (seria o de seda, transparente, utilizado entre as folhas de um caderno de desenho?).

Quem, no microcosmo familiar?
Quem, no mundo?

Duas pessoas fazem parte do seu convívio desde a infância, seus melhores amigos (irmãos, filhos do então sócio do pai dela, o sr. Foster): a Lili e o Ethan. Ele, o ônix protetor de ambas as meninas (seus olhos negros como a pedra) - seu primeiro e único amor, para quem prometeu o seu primeiro beijo. Romântico, não?...

Era.

Mas seu pai foi acusado, preso, e confessou fraude, falindo a empresa, o sócio, a própria família, execrando-a socialmente e, consequentemente, fez com que a sua pedra de proteção se perdesse, sem possibilidades de busca - dito bem claro: não era mais para dirigir a palavra a ele.

"Se eu dissesse que saí correndo você acreditaria? Eu que sou a sombra das árvores justo quando começa a primavera, eu que sou o silêncio no lapso de tempo entre o breu e o amanhecer, que sou a  pausa entre as notas musicais, que sou transparente como algo que não existe na realidade. Eu não corri. Meus pés eram feitos de pedra e meu coração era feito de pó. Eu não corri. Minha alma era feita dúvidas e minhas pernas de aço.  Eu não corri quando seus olhos se abriram no meio do beijo e fitaram os meus só para constatar eu que seguia me desfazendo, que eu ainda era metade assim como meu nome, assim como meu coração. Ele tinha a outra parte e não estava disposto a devolvê-la (...)" - 4-5%

Não, ela não se referia a um beijo entre eles... era um sonho distante. Ele, popular, quatro anos depois, beijava uma popular... na área em que ela, Bree, tímida, romântica, refugiava-se: a biblioteca, seu santuário. Mas, até chegar lá ou nas aulas, ela passa pelo calvário: bullying, agressões verbais e físicas. Ninguém parece se importar ou enxergar. Atos da mãe ausente estendendo a fama para a filha. Veja bem, não estou criticando ou defendendo o que esta faz ou deixa de fazer para manter a casa, pagar as contas... mas critico o fato de ela largar a filha, não conversar com ela, ausentar-se, abster-se.

Bree está sozinha, exceto naqueles momentos que está com a sua única amiga, a Lili que, diferente do irmão, não a culpou pelos atos do seu pai, não a pôs para escanteio.

Há um tesouro naquele baú de sentimentos! Bree tem uma aura inocente... Apesar de todas as maldades e dores que lhe infligem, seu pensamento, além de buscar a sobrevivência, voa poeticamente através dos seus sentimentos. O amor que nutre pelo Ethan é puro, belo, resiliente, incondicional... Ele é a sua fortaleza - foi - ainda o é. Basta o olhar, a presença distante, o cheiro da sua colônia em um casaco ou o que ele próprio exala quando presente: cheiro de outono... Descompasso.

"E eu que amo as palavras, eu que um dia pensei em viver delas, eu posso te dizer que às vezes elas te libertam... E às vezes elas te machucam." - 15%

 Ethan... Ela queria dizer que não tinha sido sua culpa, que era tão vítima quanto ele, que sentia a falta dele - tanta! Chegava a doer em seu peito! Ela estava cansada... E a garota do beijo era uma das suas carrascas, a Nicole Mackenzie.


"Se eu não tivesse perdido o dom de escrever e alguém me pedisse para falar sobre o amor eu escreveria sobre Ethan Foster." - 15%


E é mais uma das perversidades armadas contra ela que coloca um carinha em seu caminho, o Matt. Desafiado por uma aposta: beijá-la. Houve um incidente, mais um - práticas do bullying sobre a Bree - na festa de aniversário da Lili... Ethan a cobriu e a colocou para dentro do quarto da irmã dele, sem dirigir-lhe a palavra. Despedaçada... Então, dias depois, ela vai em uma festa da ESA (sigla do colégio em que estudam), decidida a quebrar a promessa feita ao garoto que ama desde sempre, feita quando ainda eram crianças: procura o Matt... E o Ethan intervém.


Ela tem o seu primeiro beijo, não com o Matt, mas com o amor da sua vida! (Ele se lembra da promessa!...) Ele comunica que vai levar ela para casa. No dia seguinte, o prodígio do caratê é ferido, seu amado. Comoção de todos, enfermaria acionada... Professores fazem alunos dispersarem.


"Bree! (...) Não vá aonde eu não possa te ver." - 17%


E um sorriso... E, depois, pedido de desculpas... E borboletas voavam no estômago da Bree, com lágrimas não derramadas... E Bree, sempre metade, sentiu-se inteira! Outro incidente logo em seguida... E Ethan se desculpa!

"Desculpa por todo esse tempo, por ser um idiota, por te deixar sozinha. E se você for capaz de me perdoar quero que tudo isso seja verdade. Que digam o que viram porque eu não vou deixar que ninguém mais te faça dano." - 21%


Um sonho?... Ela merece que se torne verdade! Merece vivê-lo! Tem seus dois melhores amigos, um deles seu eterno amado, e não se sente mais... Até que a vida traga mais provações, haja retrocesso, luta interna, separação, dor no singelo coração da escritora sem palavras: novamente estas são tomadas de si. E ela aceita, resignada... Nada mudaria seus sentimentos, respeitaria a decisão dele, qual fosse.

Lili, ótima! Rs. Não larga a amiga e questiona...

Bom, se eu continuar vou acabar contando todos os detalhes e, ainda, pegando para ler novamente. Sim, sempre que eu pego para transcrever um trecho eu acabo lendo páginas e páginas... tendo que me controlar para não reler - novamente - por inteiro! Bree é constante em seus sentimentos e qualidades. Poderia ter se deixado amargurar por tudo o que sofreu mas deixa prevalecer o sentimento profundamente límpido, transparente, puro, virtuoso, sincero... Poderia escrever aqui todas as possibilidades de sinônimo para puro. E o seu amor é puro! Verdadeiro.

Apaixonei-me e espero que também se apaixone!


Um abraço,
Carolina.

Nenhum comentário