Mil Palavras

Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg
Publicado em 2018
N° de páginas: 208

 

"O namorado de Ashleigh, Kaleb, está prestes a partir para a faculdade e a jovem está preocupada que ele se esqueça dela. Então, em uma famosa festa de final do verão, as amigas de Ashleigh sugerem que ela mande uma foto nua para ele. Antes que possa mudar de ideia, Ashleigh vai para o banheiro, tira uma foto de corpo inteiro em frente ao espelho, e aperta a tecla “enviar”. 
Mas o término do relacionamento do casal  é ruim e, para se vingar, Kaleb encaminha a foto para sua equipe de beisebol. Em pouco tempo, a foto viraliza, atraindo a atenção do conselho da escola, da polícia e da mídia local (...)"

Que livro! Super necessário.

Com narrativa envolvente e não-linear, trazendo o presente e ocorridos passados que o desencadearam, sentimentos...

SERVIÇO COMUNITÁRIO, 60h, sala 104: Diálogo Adolescente. Ashleigh Maynard deve fazer pesquisa levantando dados dados, estatísticas... Texto sobre mensagens enviadas pelo celular. Coordenadora: Sra. Mosely.

Começamos a jornada no primeiro dia da "pena" da Ash. Ela já tinha sido suspensa do colégio, retirada da equipe de cross-country e recebido centenas de SMS, já que incluíram legenda à foto que foi encaminhada pelo Kaleb Coats para os amigos do time de beisebol (dizendo que fizessem o que quisessem com ela), com o nome e telefone dela, além de um "slogan"...
"Esses slogans são eficazes (...) Curtas, cheias de bílis, carregadas de dor, as frases entram no raso córtex cerebral do que tem medo e serve como muleta eficaz. No cérebro rarefeito a explicação surge como uma luz e dirige o ódio para fora. (...) Isto é o mais poderoso opiáceo já criado: o ódio. (...) Todo ódio é um autoelogio. (...) Não tenho certeza se sou muito bom, mas sei que o outro partido é muito ruim, logo, ao menos, sou melhor do que eles. É um jogo moral denunciado por dois grandes judeus: Jesus e Freud." - In:  Todos contra todos*."
Slogan para foto além dos dados? "Puta disponível"...
E a Ash nunca o foi. Cometeu erro: confiar. Não querer ser esquecida ou substituída enquanto o namorado, Kaleb, estava na faculdade. Uma foto movida por insegurança (e sugerida pela Rachel e pela Vonnie), já que ele não estava dedicando tempo à ela nas últimas semanas antes de partir - uma "declaração visual" que era para ser particular do "para sempre" inexistente. (Uma péssima ideia: não refletir e agir por impulso regado ao álcool, ainda mais com o namorado já mostrando mudanças...) Ele, Kaleb, em um ato desprezível, uma "vingancinha" por algo não feito por ela, passa adiante. Ele, 18 (maior); ela, 16. 

Execração social, pública... Slogan... Rótulo... Tristeza... Vergonha. 

De certa forma, o "pilar ao qual se segurou" foi um desconhecido (ele lembra dela, ela não lembra dele - segundo ele informa, foram colegas de aula anos atrás) calado, sempre com fone de ouvido, que adentrava o Serviço Comunitário e ia direto para o computador, cumpria tempo e, no intervalo, doces da máquina do corredor. Uma simples oferta de açúcar. 

Mack diz, no dia da Reunião do Conselho, no dia que conta o porquê dele estar na sala 104, ter recebido a mensagem quando ainda tinha celular mas que não a abriu. "Nunca vi aquela foto." (p.177)

Ela precisa de um amigo e, por mais estranho que seja, ele cumpre o papel - apesar de ser calado e não dar muita informação sobre si. Quem ler saberá, depois, o porquê. Andaram algumas vezes, um mostrando ao outro "seus lugares preferidos"... Quando ele a leva até o túnel abaixo da Rua Cypress, fala um pouquinho de si, mostra  parede com escritos e desenhos... Ao perguntar se Ash quer deixar a sua marca e com a reação dela, ele responde:
"Isso é ridículo, Ashleigh. Aquelas pessoas não podem dizer quem você é. Não pode permitir que tenham esse tipo de poder. Você cometeu um erro. Você é humana." - p. 162
Kaleb? Pedido de desculpa? - Leitura de um papel escrito pelo seu advogado. Arrependimento? - Não ter terminado com Ash antes, quando fez 18 anos. Ele não se arrepende do que fez, mas das consequências que enfrenta por ser de maior. Mas se ele está bem ou não é irrelevante - Ashleigh parar de se esconder, importa.


Ao lado de "SOLO", um A é escrito com spray. 

Escolhas envolvem consequências... Ação e reação, estímulo e resposta - ouvimos diversas vezes na escola e, por vezes, em casa. 


Um abraço,
Carolina. 




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* KARNAL, Leandro. Todos contra todos. R.J.: LeYa, 2017. p.11-12.

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