Outro dia

Subtítulo: A história de Rhiannon
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Ano de publicação: 2016
Número de páginas: 322
"Aqui a história de "Todo Dia" é mostrada sob o ponto de vista de Rhiannon. A jovem, presa em um relacionamento abusivo, conhece A, por quem se apaixona. Só que A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Mas embarcar nessa paixão também traz desafios para Rhiannon."

Você entra na história, nas vidas da Rhiannon e do A. Você se emociona... E fica sem palavras ao término da leitura.

Decerto que assisti ao filme Todo dia, foi uma boa adaptação, vejo agora. Respeitou muito - gostei. Mas, lido o livro Outro dia... Mais. (Agora lerei o Todo dia. rs) Assim como a compulsão dela ao terminar olhando a tela de um computador: é bom, mas quer encontrar A.

E encontramos. A cada encontro, a cada olhar, vemos, lá estamos, vivemos... por um dia. Somos mais que parecemos aos outros, mais que nossas aparências, mais que o que é dito de nós. Nesse momento em que estamos, onde Dumbledore diria "Dark times, Harry, dark times...", o David nos lembra que aparências, gêneros, credos... tudo passa a ser supérfluo diante do "Eu" interior, nossas atitudes, nossos aprendizados. Vamos além. 

A não tem escolha. Desde que se lembre, desde que nasceu, é assim: um dia por vez. Um dia em cada "hospedagem"... Quem ele é hoje? A. A no corpo de um nerd; A no corpo de uma adolescente suicida; A no corpo de um jogador enorme; A no corpo de uma trans; A... El@ é A.

Rhiannon está acostumada com a vida que leva até conhecê-lo. Até o dia na praia com o Justin-A, quando sua vida muda. Depois de um dia maravilhoso com o namorado que parece um outro alguém, no colégio, conhece a Amy, que está de visita. Ao convidar para passar o dia escolar com ela...
"Ela parece verdadeiramente animada. É um bom lembrete de que algumas vezes é fácil fazer alguém feliz.
Talvez seja mais fácil com estranhos. Não tenho certeza." - p.43
O Justin não demonstra muito se dá ou não importância. Está acostumado a ela estar ali para ele. É ela quem se molda ao seu humor, que busca a adaptação, aliviar os fardos dele, sejam lá quais forem... Ela está acostumada, é como se deixasse de ser Rhiannon e se tornasse a sombra do Justin. Quando o relacionamento é rompido um amigo que nada expressa em frente aos outros, em apenas um momento, no jogo, diz ser bom para ela deixar de sê-lo: sombra. Ela merece mais. Merece ser ela.

Um livro muito fofo, emocionante, que nos faz parar para refletir sobre nossa reação aos estereótipos, lembrar que vamos além deles... Em dado momento ela pensa, ao escolher uma roupa para sair para uma festa, que não precisaria se preocupar com isso se fosse para encontrar A, pois el@ sabe, melhor que ninguém, que a roupa não a define, é apenas uma moldura.

Há trechos que poderia citar... Dos pensamentos dela ao ir de encontro com a garota que mantinha em seu caderno as possíveis formas de acabar com tudo... Ou da briga e boatos, xingamentos... O famoso olhar pro outro ao invés de si e julgar - o bullying. Há tanto... 

Impressiona que ela tente se desprender das convenções ao mesmo tempo que se vê atadas a elas de alguma forma, contudo sem poder deixar de admitir: quer A. Seja em que corpo for. Presença. Companhia. Gostar. Querer bem. Amar. Mesmo quando não haja o "lado físico".

Convido a viver um dia de cada vez com essas personagens. Aprender e ensinar. Conviver. Amar com el@s. Desprenda-se e se entregue ao querer bem alguém. Abrace. Sinta. Sorria com o olhar... 

Olá!



Um abraço,
Carolina.

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